quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Maternidade, paternidade e carreira profissional (Blogagem coletiva para o Femmaterna)

Quando soube da blogagem coletiva do Femmaterna, sobre carreira x maternidade, achei que ia ser tranquilo escrever sobre. Só que não.
Comecei e deletei diversas vezes. Umas racionalizando, outras chorando...e foi quando percebi que minhas escolhas ainda doem. 
Admito.
Coloquei minha primeira filha na escolhinha aos 4 meses recém completos.
Não tive escolha(será?).
Eu estudava e era bolsista na universidade, e dependia desse dinheiro para pagar as nossas contas.
Não era o dia todo, eu tentava compensar nos finais de semana, mas se estão se perguntando se "tudo bem", digo prontamente: NAO. Não ficou tudo bem. Não me orgulho. E sim, na segunda e na terceira vez que fui mãe, fiz diferente.
Primeiro queria esclarecer que esse não é um post de julgamento.
Aqui eu estou falando exclusivamente das MINHAS experiências como mãe. Das MINHAS  culpas.
Se pra você foi tranquilo, ok...sem problemas.
Para mim não foi.
Eu sofri muito.
Não posso mensurar o quanto minha filha sofreu, mas se foi perto daquilo que eu senti, foi gigante.
Cada vez que eu tinha que deixar minha menina na escola, era um suplício. Eu chorava litros. Todos os dias, sem parar, sem me acostumar, sem achar que tava tudo certo.
Era meio turno apenas, mas não me perdoo por ter perdido aquele tanto de descobertas que o tempo não me trará de volta.
Sei que minha filha é pequena, sei que ela ainda vai precisar de mim em muitos momentos, sei sei sei.
Mas sei também que quando engravidei pela segunda vez, percebi que tudo o que eu achava que era importante para minha filha(e agora para meus outros filhos também) era fruto de uma cultura capitalista, que empurra mulheres para o mercado de trabalho (quando tudo que elas desejam na vida é lamber suas crias) para consumir, consumir e consumir.
Sei que, para muitas mulheres, isso não se trata de escolha, e sim de sobrevivência.
Sei também que no nosso país, o governo não nos proporciona a possibilidade de estar em casa, de exercemos plenamente nossa maternidade, de amamentar o tempo que gostaríamos, de exercer com dedicação plena o nosso melhor papel.
E para essas mulheres, meu abraço apertado.
Hoje eu mudei a minha vida em prol dos meus 3 filhos.
Ainda na segunda gestação, larguei uma quase completa faculdade de direito, fui tocada por uma vocação que dormia e hoje trabalho como doula.
Adapto meus horarios, junto com meu marido, para que ambos possam se realizar profissionalmente sem delegar nossos filhos a ninguém.

Não é fácil sabe? Ficamos exaustos, acabados, sem tempo para quase nada, mas bem felizes.
Meu marido também aderiu a paternagem, e abandonou uma longa caminhada profissional para ficar mais tempo com a família, redirecionando toda sua vida.
As contas aumentaram, o padrão de vida baixou, mas ganhamos muito.
Digo, sem exitar, que hoje somos ricos.
Riquíssimos, aliás.
Não perdemos um dentinho que nasceu, um passinho que foi dado, uma conquista, uma aflição a ser dividida, nada. 
Conseguimos inclusive, resgatar coisas que tinham ficado pra trás com nossa filha mais velha. Acompanhamos cada momento da vida de nossas crianças.
E isso, PARA A MINHA FAMÍLIA, foi o melhor caminho.
Sugiro que cada um busque o seu, e durma em paz com suas escolhas.
E com seus filhos.
Beijos a todxs...

domingo, 13 de outubro de 2013

Com a palavra, a parteira (Adelise Noal)...

RELATO DE DOIS TRABALHOS DE PARTO DOMICILIARES
Com fé perfeita e inabalável
Com persistência e escrupulosidade
Trabalhe com serenidade pela felicidade dos outros”
                                                                                           Shantideva
Dois partos domiciliares em sequência: 30/09 e 01/10 2013. Um na cidade de Rio Pardo e outro em Viamão. Duas mulheres com cesarianas prévias, decididas na segunda gravidez a passarem pelo processo da forma mais natural possível, se prepararam para um trabalho de parto e parto em casa. Evoluíram juntas até completarem 41 semanas de gestação. Uma totalmente entregue a sua fé partilhada na doutrina do Santo Daime, outra com a fé projetada na força da sua natureza feminina intrínseca.
"... onde vivemos não é necessariamente onde vivemos fisicamente, mas sim, como vivemos no reino da psique. Não importa onde eu vivo, minha jornada é o meu lar. Re-membrar a psique é a experiência de se estar presente à constância do mundo interno, aquele que nos move a partir de dentro e que subsequentemente faz a história pessoal e cultural no mundo externo. Isso é voltar para casa, estar em casa na jornada, onde a psique é nossa companhia constante por entre paisagens sempre diferentes...." ( Jamis Hollis em Nesta Jornada que chamamos Vida)
30/09, na onda encantada 18 do enlaçador de mundos branco. Kin 230: cachorro Solar Branco
” Pulso com o fim de amar, realizando a lealdade, selo o processo do coração, com o tom solar da intenção. Sou guiado pelo poder da transformação.”
Nasce Soloína, filha do sol, às 7hs e 32 min, em Rio Pardo.
Peso – 3070 gramas / Comprimento – 47,5 cm. Apgar 9 no primeiro minuto e 10 no quinto minuto.
Vem trazendo as águas profundas das entranhas materna na qual estava envolvida permitindo sua mais suave expulsão. Logo nos braços maternos, logo mamando, logo completando o ritmo fisiológico da liberação de ocitocina.
Cânticos de louvor e orações saudaram a chegada da vida nova!

01/10, na onda encantada 18, do enlaçador de mundos branco Kin 231 – Macaco Planetário Azul
Aperfeiçoo com o fim de brincar, produzindo a ilusão, selo o processo da magia, com o tom planetário da manifestação. Eu sou guiado pelo poder da autogeração.”
Nasce Raul às 4hs e 29 min da madrugada. Apgar 9 no primeiro minuto e 10 no quinto minuto.
Peso - 3170 gramas / Comprimento – 48,5cm
Piscina, bola, cadeirinha, objetos usados neste parto que trouxeram algum tipo de conforto, todos escolhidos pela gestante. Sua família, bem como sua doula, estiveram presentes durante o trabalho de parto, seu filho de 3 anos participou também, pois acordou no início do período expulsivo e pode ver seu irmãozinho nascer.
Neste parto pude sentir o chamado círculo de fogo que acompanha a descida do bebê na sua passagem final em direção ao meio externo. Minhas mãos que davam apoio ao períneo, sentiram e “ouviram”a explosão radiada de fogo no momento em que a cabeça se despreendeu...
Mesmo sem nenhuma crença, o trabalho de parto nos remete a uma instância muito acima da condição humana comum. O homem arquetípico mostra sua face! Como um montanhista ao escalar uma alta montanha, entramos na via. Cada passo, mais alto nos leva na direção da experiência do êstase. As referências concretas e cotidianas nas quais estamos contidos tornam-se evanescentes. Na montanha, o ar rarefeito, obriga o corpo a soltar suas amarras intelectuais, emocionais. No parto um influxo do chamado hormônio do amor: a ocitocina dá um tom semelhante. No cume chegamos juntos, todos os participantes do trabalho de parto. Levados pelas mãos da natureza, como alpinistas envoltos um a um numa extensa corda, ligados... A corrente que faz do trabalho de parto um trabalho de equipe. Atuação material e espiritual integradas numa totalidade.
Perfeitos como uma obra de arte, nascem... menina e menino, Soloína e Raul!
A arte da vida que agora aqui está!

Descrito por Adelise Noal

A chegada de Soloina

Quero muito falar aqui sobre um parto que a Adelise e eu acompanhamos em Rio Pardo, um dia antes do parto do Raul.
Mas como a história não é minha, e sim da família,  assim que estiver pronto, posto aqui o relato deles.
Desde já quero dizer que foi uma honra, uma manifestação do Sagrado, estar com a Tati e com o Carlos. 
Soloina é uma princesa e jamais vou esquecer a intensidade e o acolhimento daquele parto.
Aguardem, foi lindo!


A chegada de Raul


Dia 30 de setembro de 2013, 41 semanas. Acordei com contrações irregulares, incômodas mas não muito doloridas como já sentia há tantas semanas. Nada de novo, nada fora do comum, exceto pelo fato de ter que sair de casa pra fazer uma ultrassom àquela altura do campeonato. Avaliar bem estar fetal. Raul estava bem, eu sabia, eu sentia.
Durante o exame, tive contrações mais longas. Meu corpo trabalhava.

A tarde, consulta com a obstetra. 2 cm, colo médio, 80% apagado. Será que isso era um bom sinal? “O que faremos se nada acontecer até o final da semana?” Não queria induzir, não queria aumentar a chance de outra cesariana. Tudo era confuso e, no fundo, tinha um pouco de receio de chegar às 42 semanas e passar das 42 semanas. 
Sentia que o fantasma do “corpo defeituoso”, resultado da cesárea anterior me assombrava, tinha medo de não entrar em trabalho de parto. Todas as outras “companheiras de barriga” já haviam parido e eu ainda não.
Sabia que o medo era sem fundamento – toda mulher entra em trabalho de parto - mas a sensação que tinha era de que ficaria grávida para sempre. 
Por outro lado, ficava pensando se estava mesmo preparada para parir. Queria Raul! Mas sentia um frio na barriga em pensar em como seria, o que aconteceria, como lidaria com a dor.

A tarde seguiu, Willian foi trabalhar. Fui ao supermercado comprar pão e frutas. As contrações mais longas, mais incômodas, irregulares. Tudo certo, já tinha visto isso antes.
Tive dois “falsos trabalhos de parto” com contrações até de 2 em 2 minutos. 
Não iria me iludir, não dessa vez. “vai parar, são pródromos”.

Enquanto bebia uma xicara de café com leite, percebi que as contrações vinham com mais frequencia. Devo anotar? Vou me iludir, de novo… Vai parar.
8 em 8 minutos. Avisei Willian dizendo “Amor, estou com contrações mais longas. 8 em 8”.
”Vai parar, eu sei que vai, são pródromos” Olhei para o relógio: 18 horas.


O início

Deitada ao lado de Vicente me deixei levar pela ideia de que, talvez não fosse demorar muito para Raul chegar. Fiquei pensando nos acontecimentos. Dessa vez não avisaria ninguém sem ter certeza, não me anteciparia. Fui pega de surpresa várias vezes pelas contrações que pareciam mais fortes e com um intervalo menor.
Assim que Vicente pegou no sono, fui tomar um banho quente. Se fosse mais um “alarme falso”, tudo pararia.

Com a bola embaixo do chuveiro, deixei a água quente cair sobre as costas. À luz de velas, fui relaxando. O vapor subiu rapidamente e tomou conta do banheiro inteiro.
Rebolava, movimentava o quadril e só pensava que seria maravilhoso se aquilo tudo continuasse, mas eu não podia acreditar.
No vidro do box embaçado escrevi “Vem, Raul!” e fazendo um coração ao redor dessas palavras fechei os olhos e tentei me entregar. Fosse o que fosse, não devia estar muito longe agora.

Saí do chuveiro morrendo de vontade de comer o abacaxi que havia comprado. Enquanto cortava a fruta, comecei a marcar as contrações no celular. Uma veio, respirei fundo, deixei passar. Logo outra, uma cólica mais forte, expira profundo, passa. 3 minutos.
Outra, passa, 3 minutos. Isso nunca havia acontecido, minhas contrações eram irregulares. Agora estavam totalmente ritmadas. A cada uma, a duração aumentava, mas a frequência sempre em 3 minutos. Logo havia uma longa lista e eu senti uma onda de esperança tomando conta de mim. Seria trabalho de parto? De verdade? Iria acontecer comigo? Mesmo? 

Fiquei andando de um lado pra outro da sala, feliz, nervosa, ansiosa, radiante. Mandei mensagem pro Willian avisando que, talvez ele tivesse que voltar pra casa.
Tremendo, resolvi ligar para minha doula. “Kika, tô com contrações ritmadas há um bom tempo. Já tomei banho, não passaram. Mas ó, deixa que eu te aviso, quero observar mais”.
Tudo o que eu não queria era que – isso aconteceu uma vez – ela viesse e tivesse que voltar sem que nada tivesse acontecido.
Não tinha medo de incomodar as pessoas, é o trabalho delas. Mas tinha medo de me decepcionar de novo, não queria transtornos.

Fico controlando por mais uma hora. 3 em 3. Definitivamente, alguma coisa está acontecendo.
Digo pro Willian e pra doula: “VEM!”. Ao contrário da outra vez em que tudo começou, não fui limpar e arrumar nada. Só tinha vontade de entrar no quarto, fechar a porta e esquecer do mundo. Não me importava a bagunça, a desorganização. Só queria ficar em paz.

Sem pressa, coloquei uma roupa confortável, desliguei as luzes, acendi velas e um insenso.
A cada contração, sorria, respirava fundo e rebolava. 
Liguei o computador e selecionei a playlist que havia feito para o parto. Ouvindo as mesmas músicas que ouvíamos enquanto Raul foi concebido, fui entrando numa espécie de ritual. A cada música, uma contração ou duas. Fechei os olhos e me deixei levar.






As pessoas foram chegando. Minha mãe, minha irmã. Willian. Pedi que ele ligasse para as outras pessoas avisando. Logo depois chegaram Kika, minha doula, Lu, fotógrafa e Nicole que também fotografou e acompanhou o momento. Talvez fosse verdade, Raul chegaria em breve.








Eu estava muito feliz! Feliz, feliz, feliz!
As contrações eram um pouco doloridas mas nada demais. Quando vinham, fazia movimentos com os quadris, Willian me ajudava a agachar ou simplesmente, descansava apoiada na bola em cima da cama. Eu estava curtindo demais tudo aquilo, todas aquelas sensações. Tinha um pouco de medo do que viria, sabia que estava fácil daquela maneira porque era o início.
Nunca tive medo da dor, nunca temi o que poderia sentir num trabalho de parto. Mas sabia que seria intenso, que aquilo cobraria de mim algo que nunca vivenciei.
Pedi que chamassem Adelise, minha parteira. Mesmo que não fosse agora, as coisas estavam diferentes.





Ali, naquele quarto com pouca luz, Willian e Kika se revesavam em cuidado e apoio. Kika fazia massagens na lombar, me sustentava nos agachamentos, me lembrava de comer, beber, de apenas desfrutar daquele momento com Willian. Ele me dava o apoio necessário pra seguir em frente. Abraços, beijos, massagens, idas e mais idas ao banheiro, força na parte mais dolorida das contrações. Dizia o certo na hora certa, estava atento aos meus sinais.
Trabalhamos juntos. Eu, Raul e Willian.









A transição

De repente, eu já não encontrava posição confortável durante as contrações. Comecei a ficar muito incomodada com aquela dor que vinha cada vez mais forte.
A piscina já estava cheia o suficiente para entrar. A temperatura era ótima, mas eu sentia que preferia ficar de pé. Willian entrou comigo. Tentei achar uma posição mas era impossível. 
Eu bem que resisti a ideia da piscina durante toda a gestação. De certa forma, eu sentia que não conseguiria ficar ali. 








Estava todo mundo na sala e eu percebi que muitos olhares me deixaram um tanto acuada.
Voltei pro quarto. A parteira estava a caminho, me disseram, mas eu já estava ficando impaciente. Kika me deixou sozinha com Willian e deitei junto dele para tentar descansar. 
Era impossível. A dor não deixava. Sentei na cama e tentei me entregar. O corpo teimava em ficar tenso, a cabeça me dizia “Só quero que isso passe logo…” e eu lembrava “não, não racionaliza, se entrega, se entrega” e no final da contração eu já estava vocalizando, relaxando.
Kika me perguntou se queria voltar pra piscina, que as dores aliviariam bastante. Aceitei, mas pedi que todas as pessoas saíssem, pedi pra desligarem as luzes e nada de música: tudo começava a me irritar.

Na sala vazia, Willian e Kika cuidavam de mim, dentro da água. Tentei achar ali o alívio que tantas pessoas falavam mas não encontrei. Tudo foi ficando nebuloso, saía de mim no auge das contrações. Eu não sabia, mas estava no famoso período de transição, o mais difícil de todos.
Meus medos começaram a vir a tona. Perguntei pra doula se agora era mesmo trabalho de parto, se não eram pródromos. Não podia acreditar que eu havia mesmo entrado em trabalho de parto, era muito surreal. 

A parteira chegou. seria uma da manhã, duas? Não sei…
Quis fazer um exame de toque. 6 cm.
Me surpreendi! Achei que seria menos, que estivéssemos ainda muito longe.
Pedi pra ir pro chuveiro, levei uma cadeirinha de madeira do Vicente. Nela, deixei a água quente cair no corpo. O momento mais dramático de todo o trabalho de parto.
Sentada naquela cadeira, era como se tivesse de frente para mim mesma, olho no olho, num desafio. Era uma conversa silenciosa sobre limites, superação, medos.
O vapor subia e eu não conseguia fazer mais nada além de vocalizar em cada contração.
Disse para Willian – sem vê-lo, eu já não “via” mais ninguém – “Acho que não vou aguentar”.
Não ouvi a resposta.
Lembro de ver Kika entre o vapor e dizer “Parece que vou morrer!” e ao fundo, ouvir “Mas é isso mesmo. No parto morremos um pouco a cada contração. Tu já morreu várias vezes nesse parto”. Mentalmente, finalizei a frase, “pra renascer no final. Sei disso”.

No intervalo, desejava simplesmente não sentir de novo aquela dor. Mas ela vinha, eu podia sentir. Suas nuances, seus sinais. A dor vem devagar, sem pressa. 
Começa num ponto e como uma onda, te toma por inteira. Entre elas, tudo era calmaria.
Durante, eu cheguei a pensar que entendia quem pedia anestesia, embora não tenha pensado em pedir em nenhum momento. Era aquilo mesmo que eu queria sentir, foi o que desejei durante tanto tempo. Era um ritual de passagem, sem dúvida. Era uma preparação.
Eu queria viver e sentir tudo aquilo que me foi tirado na primeira vez.
Além disso, eu sabia que qualquer intervenção significava transferência e que isso me deixaria mais próxima de outra cesárea. Algo que eu com certeza não queria.

Não sei quanto tempo fiquei no chuveiro. Willian ao meu lado o tempo inteiro.
Eu realmente estava na partolândia, só vocalizava. A razão não existia mais.

Ouvi minha doula sugerir que fizéssemos agachamentos no quarto. Eu não podia imaginar como fazer isso. Não conseguia me mexer. De repente, uma frase mágica: “para ajudar Raul a nascer”.
Era isso, eu só pensava em ajudar o processo, em chegar mais próximo do fim. Queria Raul, queria ficar em paz, queria renascer. 
Num impulso, numa retomada de consciência, doida, repentina, numa força que eu não imaginava ter, levantei e fui para o quarto no intervalo das contrações. Ficamos em um cantinho que havia pedido para Willian forrar com um tapete de EVA, logo no início do trabalho de parto, não sei bem porque.
Lá, nos abraçamos e nas contrações, sentia mesmo muita vontade de ficar de cócoras.
Fizemos esse movimento uma, duas, três, quatro vezes. 
Numa delas, Willian diz “sangue”. 


O expulsivo

Instintivamente olhei para baixo, vi um pouco de sangue no chão. Recobrei a consciência e perguntei se aquilo era normal. Ouvi que sim, era normal, mas a parteira quis fazer outro exame de toque. Me pedindo desculpas, diasse que estavamos próximos, muito próximos do momento final, que só faltava um pouquinho.
Ela não quis me dizer quanto de dilatação tinha naquela hora e eu agradeço por isso, não fazia diferença. 

Senti ainda mais força. Se estávamos próximas do fim, teria que ser mais forte do que nunca.
Continuei agachando, dançando. Quis a cadeirinha do Vicente, precisava de um apoio na parte mais difícil das contrações.
Elas me tomavam totalmente, eu mal conseguia pensar. 
Abraçada em minha doula, senti uma muito forte. Instintivamente sentei na cadeira e a bolsa estourou, estourou mesmo. Um jato de líquido amniótico lavou o chão.

Daí em diante, não tenho mais noção de tempo, cronologia, quem fez o que e onde estavam.
Lembro da doula chamar a parteira que veio rápido. Lembro de uma movimentação, pessoas chegando e eu ali, entregue, agarrada a Kika, vocalizando.

Então, cheguei a parte mais incrível, mais intensa de todo o parto. 
Eu sentia meu corpo se abrindo para Raul passar. Ele descia a cada contração e eu sentia minhas pernas perderem a força e me obrigarem a agachar.
Enquanto minha parteira massageava a lombar, ele foi descendo, pouquinho a pouquinho.
Logo, senti o primeiro puxo.
Que sensação maravilhosa! A dor ia embora e única coisa que eu sentia era meu corpo fazendo força sozinho. As contrações vinham e no final, sentia essa força que me fazia sentar na cadeira e simplesmente deixar a natureza fazer seu trabalho. Eu já não controlava mais nada.
Um grito vinha com cada um deles. Um grito visceral, profundo, lá de dentro. Um grito de bicho, de fêmea, algo jamais experimentado. 

Eu já não pude mais levantar. Gritei e meu corpo fez uma força enorme. Ouvi minha parteira dizer que ele estava ali. Coloquei a mão entre as pernas e senti a cabecinha de Raul.
Emocionada, senti mais uma força enorme tomando conta de mim. Ouvia vozes ao fundo dizendo que ele estava nascendo, que estava vindo.
Sentia a presença de Willian, da minha doula e da parteira, mas não via ninguém.
Senti uma ardência muito muito grande e na hora lembrei do círculo de fogo. Tudo queimava, mas a sensação era muito boa. Eu sentia Raul escorregando.
Num grito imenso que acordou Vicente, numa força que jogou meu corpo pra trás, às 04 e 29 da manhã, Raul nasceu. 


Como se tivesse saído de um transe, olhei para as mãos da parteira. Raul chorava alto assim como eu. Logo o trouxe junto ao corpo.
É impossível descrever. O corpinho escorregadio, aquele cheirinho de bicho…
Eu só conseguia pensar: Nós conseguimos! Conseguimos, Raul!
Willian ao meu lado, Vicente perguntando o que estava acontecendo… Nossa família toda unida num momento mágico.
Sentia o amor tomando conta daquele quarto, a emoção pairava, era quase palpável de tão perceptível. O tempo parou por alguns instantes. 
Raul veio ao mundo sem violência, na penumbra. Amado, cuidado e respeitado.

Ele nasceu, nós renascemos. Toda a luta valeu a pena.







A parteira sugeriu que deitássemos na cama para a expulsão da placenta. Ela estava vindo bem devagar. 
Fiquei ali deitada, namorando Raul, conhecendo. Logo percebi que ele era parecido comigo, ao contrário do que imaginei/sonhei durante toda a gestação. Sonhava sempre com um menino mais moreninho do que Vicente e no entanto, seus cabelos eram mais claros, assim como os olhinhos.
O apgar, 9/10. Nasceu com 3.170 kg e 48,5 cm. Ele parecia tão pequenininho, tão delicado.
Mal abriu os olhos logo depois de nascer. Mamou um pouquinho e logo dormiu, parecia cansado depois de todo o trabalho para nascer. Dormiu gostoso em meu colo.




Ficamos cerca de quatro horas aguardando a expulsão da placenta. Tentamos várias coisas. Ocitocina via spray nasal, acupuntura, agachar, rebolar, fazer força. Contrações não faltavam.
A placenta ficou retida. O cordão era muito fino, a parteira responsavelmente não quis tracionar. 
Depois de muita conversa, de muita reflexão, resolvemos encontrar a obstetra de backup no hospital.

Como jamais levaria Raul para àquele ambiente, para ser submetido a todo tipo de intervenções, ele ficou em casa. Foram três horas de internação que pareceram uma eternidade.
Um procedimento simples, poderia ter sido liberada em dez minutos, segundo a obstetra.
Mas, hospitais tem protocolos. Hospitais tem regras. Não há a individualização do atendimento.
Ali, mais uma vez, comprovei o porque da minha escolha.
Raul ficou em casa e metade de mim também. Foi muito, muito difícil.
Ele ficou bem com a avó. Seguiu dormindo o tempo todo e quando cheguei ainda estava.
Veio direto para o peito e assim ficamos até o outro dia que amanheceu lindo, ensolarado, primaveril, com uma temperatura amena.

Vicente acordou perguntando “Cadê o Raul? Cadê o bebezinho?”. Fomos todos para a sala, vovó chegou em seguida dando “bom dia” a todos. Preparamos um café enquanto Vicente corria no quarto para pegar um livrinho para ler para o maninho. Depois, pediu para segurá-lo no colo.
Pedi para que ele sentasse bem direitinho e coloquei Raul nos seus braços.
A carinha de felicidade dele era linda e contagiante. Tinha agora um companheiro para sempre.









Agradeço ao Willian, por toda a força e amor, por ter confiado, compreendido e apoiado sempre. Sua serenidade foi fundamental. Muito, muito obrigada pela família linda que construímos (e que continuaremos). A Vicente, por me ensinar a maternar, por me mostrar sempre o que é essencial e importante, por me ensinar a amar sempre mais. Obrigada, filho!
A minha mãe, por ter cuidado de tanto, por ter crescido comigo nessa caminhada em busca de um parto digno. Por aceitar minhas ideias e apoiado nossas decisões.
A minha irmã e meu pai por terem vivido tudo isso de maneira natural, compreendendo melhor dia após dia, por deixarem cair os preconceitos.
A Kika, doula querida que não me deixou desistir do parto humanizado. Que me deu forças pra seguir em frente e acreditar que era possível. Obrigada pela leveza, pela sutileza, pelo apoio e pela amizade, por agir e sugerir nas horas certas e respeitar nosso espaço. 
A Adelise Noal, minha parteira, pela delicadeza, por simplesmente, assistir ao parto, sem intervir, pelo lindo trabalho. Obrigada pela paciência, pelo comprometimento, especialmente na parte mais dificil. 
A Claudete Borges pela simpatia e pelo belo trabalho, por auxiliar de uma maneira tão eficiente e discreta.
A Lu, por registrar esse momento tão especial de uma maneira que não interferiu em momento algum. Um talento enorme! 
A Nicole querida, que nos acompanhou desde sempre, que filmou um dos momentos mais especiais de nossas vidas e no fim de tudo, ainda ajudou em tanto! Muito obrigada!

Obrigada a quem torceu, a quem divulgou, a quem contribuiu na vaquinha, a quem comprou gorrinhos, participou da rifa. Agradeço a cada um, a cada uma, por terem ajudado a tornar esse desejo uma realidade.

Muito obrigada!



Kika Doula: Não foi difícil acompanhar essa família. Foi leve, doce, intenso, inteiro. A Débora já sabia tudo que eu pudesse contar sobre partos humanizados quando eu a conheci. Ela já tinha lido tudo que existia. Ela não precisava de informação. Ela precisava de fé. De cuidado. De carinho. De alguém que acreditasse junto com ela que, no oitavo mês de gestação, o jogo ainda não estava perdido, ainda dava tempo de correr atras. E ela correu. Corremos juntas.
Quanta emoção!
Gratidão eterna!


A chegada de Helena

Esse relato é dedicado primeiro as minhas filhas, Sofia q me ensinou a ser mãe e Helena q chegou de mansinho e me ensinou a acreditar!
E depois a todas as mães e futuras mães...

lembre-se sempre há tempo de fazer diferente, alias esse relato é a prova viva disso!

Para escrever o relato do parto da Helena, nao posso deixar de escrever sobre o parto da Sofia...

Esse relato começa em 22/02/2010, qndo descobri q estava gravida da Sofia! Desde sempre eu queria ser mãe e mais desde sempre ainda eu tinha certeza q seria de parto normal. Minha mãe teve cinco filhos de PN, e o q sempre ela dizia é q cesárea era para casos para salvar a vida da mãe ou do bb, e q ela sempre quis cesárea, mas sempre teve PN, por conta de nao ter indicação de cesárea. Em resumo na minha cabeça, cesárea era somente para casos de riscos, e Td correndo bem na gravidez seria PN! Bom, fui em tres GOB, ate achar a Dr. A. Foi amor a primeira vista, todos os outros medicos diziam q nao faziam PN, e qndo conheci a Dr. A. Perguntei sobre o PN, ela se mostrou bem a favor...
Os meses foram passando, e eu sonhando com o tal parto normal... Minha gob era um amor, sempre muito querida, me dava duas ou tres requisicoes de ecografia por mes para fazer e qndo levava pra ela, ela sempre dizia q Sofia seria um bb enorme... A unica coisa q nao falavamos era sob o parto, mas como isso para mim era o curso natural das coisas, nos nao tocamos mais no assunto...
36 semanas - Consulta com a GOB... E a sentença começava a ser dada... O bb esta muito alto, a GOB pediu uma eco e lá fui eu Td boba... Eu era doente pelas tals ecos... Bom, bb com 3.700kg...
Consulta de 37 semanas, bb alta ainda, motivo? Bb com cordão no pescoço e ela nao desceria... Pedi para repetir a eco, poderíamos ver se era mesmo pela circular q nao descia, mas segundo ela era muito nitido na eco q eu havia feito... E a indicação? Cesárea! Bom, fiquei com receio, então disse para a GOB q ok, mas preferia entrar em TP para fazer a cesárea, era uma desculpa para ganhar tempo... A GOB, pegou a eco, olhou e disse ok, podemos esperar, só quero te dizer q a previsão é um bb de 4kg e vc nao vai consegui parir, outra coisa, se vc entrar em TP, sua filha pode morrer sufocada pelo cordão... Pronto a conversa terminou conosco (eu e meu marido) agendado a cesárea para dali uma semana! Chorei, chorei, chorei...
Meu marido disse q m apoiaria se eu quisesse esperar ate as 40s, foi a gota d'água, me senti a pessoa mais egoísta do mundo... Minha filha em risco e eu querendo parto? Naquele momento m conformei...
Chegamos ao hospital no domingo dia 03.10, eu com a mão na barriga dizia para Sofia, estoura a bolsa, estoura a bolsa... Claro q isso nao ia acontecer... Fui para a sala de preparação, sonda, raspagem dos pelos... E lá fomos nos para a sala de cirurgia... Me anestesiaram, me amarraram... E lá fiquei, o medo era tanto q comecei a m sentir mal, pressão baixou, eu nao conseguia respirar e ninguém m olhava! Estavam ocupados demais falando em política! Era um domingo de eleição, e minha gob, marcou a cesárea para as 8h da manha, pois ela ia votar depois... Qndo finalmente o pediatra m olhou, eu só consegui dzr q ia desmaiar... Bom vomitei, pressão baixou! E agilizaram a cirurgia, Meu marido entrou e ficou do meu lado mexendo no meu cabelo... A anestesista, empurrou minha barriga para baixo e dizia para a GOB - tem q nasce, tem q nascer! E no meio de Td isso... Nascia o sentido de Td! Sofia chegou ao mundo após 38s e 3d de gestação, com 49,5cm e 3.325kg! Sem circulares de cordão, menor q a eco feita a dias antes do parto... No dia e na hora agendada pela GOB!
Sai da sala de recuperação com dor, dor física pelo procedimento e dor psicologia, pq nada daquilo havia sido como eu sonhei! Nao era a chegada q gostaria e idealizei para Sofia!
A única coisa boa de Td isso era minha filha, q logo chegou para ficar cmg, só q eu estava grog ainda, cheia de dor e com muitaaa coceira... Mal conseguia segura-lá! Ela chorava, chorava! E eu? M odiava, por ter deixado isso acontecer!
As dores do pôs cirúrgico, se estenderam por 15/20 dias, andava curvada, Sofia chorava dia e noite... Td isso, só m remetia a uma vontade: chorar!
De Td isso, eu tinha uma certeza, q jurei assim q sai do centro cirúrgico! No próximo seria diferente!

2012... Dois anos da Sofia, tínhamos passado os últimos dois anos difíceis! Sofia teve crises convulsivas e na ultima delas em maio/2012, quase a perdemos! Qndo m perguntavam sobre outro filho, eu sempre dizia a mesma coisa: - primeiro tenho q esquecer os traumas com a Sofia!
Mas a verdade era q o amor pela Sofia era tão grande q eu nao tinha certeza de q podia, amar outra pessoa!

Out/12 aniver da Sofia, eu troquei meu emprego de cinco anos, por outro onde ganharia melhor... E Td se encaminhando...
Final de dez/12, ao sair de um restaurante senti uma vontade enorme de vomitar e logo depois comi uma barra de chocolate... Meus seios doíam e o sono era demais... Eu tinha certeza, estava gravida. Fizemos o Exame de sangue e duas horas depois um super positivo!
Meu mundo virou uma tempestade! Queria tanto um segundo filho, mas e a Sofia? Como dividir o amor q sentia por ela, com outro ser? Ia conseguir amar essa criança tanto qnto amava a Sofia? E meu trabalho? Como dar a noticia com pouco mais de dois meses de empresa?
Bom, inicio de jan/13 comuniquei na empresa, situação difícil... Eu sentia vergonha de estar gravida... E ao mesmo tempo m sentia feliz! Queria tanto um segundo filho, e ele(a) estava a caminho...

Passado o susto... Comecei a curtir essa chegada! Outro bb em casa, eu nem podia acreditar...

Mas e agora? Posso um parto normal pôs cesárea?! Teria que passar por outra cesárea? Eu não queria viver aquilo de novo, e como eu ia ficar depois de uma cesárea com dois filhos?! Ia ficar quanto tempo sem pegar minha filha mais velha no colo ?!
Meu marido, na primeira vez q falei sobre o parto, ja foi taxativo: - vc ja tem uma cesárea, vai ser cesárea de novo.
E aí inicia uma batalha... Bom, iniciei o pre Natal com a minha Dr. A a mesma do parto da Sofia, afinal ela era minha medica... Primeira consulta com ela, ela foi sincera, nao fazia mais partos pelo meu plano... Se eu quisesse teria q pagar... Bom, o valor era inviável... E aí comecei a procura... Claro que isso foi ótimo, pois com certeza com ela seria outra cesárea...
Foram cinco GOB, uma delas me disse que PN pôs cesárea, era tentativa de suicídio... E que PN era para quem morava no interior e não tinha condições de pagar uma cesárea... Bom, nao desanimei, tinha lido inúmeros artigos sobre VBAC - parto normal pôs cesárea, e sabia q aquilo era papo de cesarista! Depois de muita procura achei a Dr. M nao era aquela GOB pela qual rola amor a primeira vista, mas quando começamos a falar sobre parto, ela se mostrou super a favor de PN e colocou os riscos de um PN pôs cesárea como sendo baixíssimos e sem problema algum pra ela... Bom, estava encerrada a procura. Mesmo com pe atras, resolvi ficar com ela, Marido adorou ela e ela me parecia uma ótima medica. Para ter confiança nela, passei a fazer inúmeros questionamentos a ela e parecia cena de filme, as respostas era sempre o que eu queria ouvir.
Meu marido achava Td aquilo loucura... Pq alguém gostaria de sentir dor? (Como se a cesárea fosse indolor) Eu ja tinha uma cesárea pq nao fazer outra? Bom, e quando falei pra ele sobre Doula? Isso só podia ser loucura! Eu devia estar louca... Enquanto ele se mostrava contrario, eu lia... Lia muitooo, lia relatos, lia artigos... Passava todo meu tempo livre lendo sobre parto... Comecei a entender o que deu de errado no parto da Sofia, o problema era que no parto dela eu queria um pn, mas nunca busquei informacoes sobre o parto normal, ou seja, qualquer coisa que a gob me falasse eu podia ate ficar em duvida, mas nunca teria argumentos para rebate-los... nao basta se querer um pn, tem que lutar contra todo um sistema de cesáreas previamente agendada...
Foi então que descobri o grupo parto nosso, esse sim foi amor a primeira vista... Dividir Td aquilo com outras mulheres que estavam passando ou que iriam passar por aquilo era bom demais... Ninguém ia me achar uma louca e se elaS me achasse louca era pq eu realmente estava kkk...
Meu marido foi se convencendo... Mesmo sem entender o pq, respeitou minha decisão... Helena (era mais uma menininha) chegaria nesse mundo da forma mais natural possível.
Com 30 semanas comecei a sentir contracoes de BH. Nada dolorido, era desconfortável. E cada dia sentia mais... Foi assim, ate que com 33 semanas a GOB resolveu me dar um atestado para eu descansar... Na minha cabeça, aquelas contracoes estavam anunciando que o parto estava perto e que logo Helena chegaria...
Minha GOB fazia exame de toque desde a primeira consulta, e sempre a mesma coisa colo posterior, fechado e grosso.
Sonhava com esse parto, desde que a Sofia nasceu e agora ele iria acontece!
Definitivamente ir para uma sala passar por um procedimento extremamente invasivo nao era pra mim... Ja tinha passado por isso e sabia q era o que eu menos queria...
Obvio, que mil coisas passavam pela minha cabeça, sera que iria agüentar a dor? Eu teria condições de passar por um PN? As pessoas diziam que eu era louca, que eu nao agüentaria, que na primeira contração ia pedir arrego e tal... E claro eu morria de medo de "pedir arrego", mas eu tinha que me dar a chance de pelo menos tentar...
O q eu mais pensa a era q eu tive muita dor da cesárea, sera q eu agüentaria um PN? Bom, mas isso nao era motivo para mim desistir... Meu bb viria na hora dela, e nao seria arrancada de dentro de mim...
33,34 semanas... E eu com cha de fralda marcado para as 36 semanas, achava que talvez nem estaria no cha com barriga kkk...
Bom, na consulta de 36 semanas, bb alto, colo posterior, grosso e fechado... GOB comentou que parto bom era quando bb encaixava com 36 semanas... Eu senti um frio na barriga, pois foi assim que aconteceu minha cesárea, mas a gob disse que Td bem, ainda havia tempo de encaixar...
Eu estava fazendo yoga, então começamos a intensificar os exercícios voltados para q a Helena encaixasse.
Um dia antes do chá de fralda, morri caminhando... Achava q depois do chá certamente Helena chegaria...
Que nada... Helena continuava lá, e minha barriga super alta e enorme...
37 semanas, exame de toque... Bb alto, colo grosso e Td mais, meu corpo nao tinha indicio nenhum de parto... Ok, aínda faltava tres semanas para a DPP...

38 semanas, exame de toque e Td na mesma... Minha GOB, disse que essa semana ela tinha q começar a descer...
Morri caminhando, fiz yoga, me agachava, rebolava... Agora, com certeza ia acontecer alguma coisa... Tbm comecei a tomar chá de canela e gengibre...

39 semanas... Exame de toque e nada! Meu Deus, como assim nada?! Ok, ainda tínhamos ate 42s, ou não! Minha GOB, disse q algo tinha q acontecer nessa próxima semana... Ou seria cesarea, pois do jeito q as coisas estavam nao tinha pq ficar esperando...
aquilo comecou a destruir minha fe, mas eu ainda acreditava q algo iria acontecer...
Vim pra casa, fiz yoga, caminhei, tomava dois banhos por dia, rebolava, agachava, limpei a casa... E nada!! Eu nao sentia nada! Todo o dia eu acordava e corria pro espelho para ver se a barriga tinha baixado, tbm estava na busca obsessiva do tal tampão, serio o negocio era tanto q cheguei a ficar um pouco assada kkk...
Eu lia relatos, e pensava: fulana pariu com 39s e 3d, então pode ser q eu vá parir com 39s e 3d tbm... Não entendia, q cada um tem a sua história, o seu parto...

Consulta de 40 semanas, GOB me examinou e nada! Bb alto, colo grosso, posterior e fechado... Minha medica, disse que se ate agora nao havia acontecido nada, é pq dificilmente eu entraria em TP, e que agora seria muito difícil o bb encaixar... E que o procedimento era marcar a cesárea... Eu argumentei, disse que eu queria esperar até as 42s, ela disse que não era muito arriscado... Discutimos muito e no fim, não teve jeito, ela marcou a cesárea para dia 16/08... Uma sexta feira, eu estaria com 41s e 1d, foi a consulta mais difícil pra mim, meu marido nao estava comigo, quem estava era minha sogra... Tentei convencer a GOB para então marcamos a cesárea para dia 19.08, qualquer hora a mais para mim fazia diferença, mas ela tocou terror, disse que nao ia fazer diferença alguma esperar e que eu tinha filha pequena e mais uma a caminho e nao tinha porque colocar a vida da Helena em risco ou correr o risco da Sofia ficar sem mãe...
Bom, sai da consulta com aquilo, tinha 8 dias para entrar em TP... Ou dia 16.08 as 18h minha filha nasceria...
Aqui mergulhei em um tsunami, tinha que entrar em TP, mas como? Como obrigar meu corpo a entrar em TP sem estar pronto?!
Chorei, chorei muitoooo...
Mandei email para a lista do parto nosso, as meninas responderam e a única coisa que eu sentia era que eu era uma covarde, que fiquei 9 meses com uma GOB, que eu suspeitava que faria isso...
Tomei um banho naquela noite e chorei muito! Pedi desculpas para Helena, disse pra ela que eu tinha tentado, mas q nao deu...
Por mais que eu tentasse aceitar aquela cesárea, eu não conseguia, e aí eu me sentia pior ainda, pois como eu podia me sentir tão triste, se de uma forma ou de outra, ia ser o nascimento da minha filha...
Além de uma cesárea agendada, eu estava em uma gravidez pôs DPP, quem se prepara para passar das 40s?
Eu não estava preparada, achava q Helena ia nascer bem antes da DPP... Mas,não... Eu estava de 40s, nem sinal da gestação acabar...
Bom, chorar nao adiantava... Quanto mais chorava, mais rápido corria as horas...
Na sexta feira, acordei e tomei um banho... E depois do banho, saiu uma meleca tipo catarro, nao era muito, mas na minha cabeça era o tampão, aquilo me dei uma luz, achei que todo aquele desespero talvez nem fizesse sentido... Afinal isso era um sinal... Mandei um SMS, para a GOB, que só me respondeu dizendo que estava em um PN.
Ela havia me dito em uma consulta que após o tampão sair, eu deveria entrar em TP em 24h...
Resolvi ir ao hospital fazer o exame de monitoramento do coração da Helena...
Cheguei lá, e logo que entrei no centro obstétrico, vi que o parto que minha GOB estava tinha sido normal... Bom, talvez eu estivesse fazendo tempestade em copo d'água mesmo...
A GOB do plantão veio, me perguntou sobre o pq do exame, eu expliquei que era pq havia passado da DPP, e ela me questionou se eu estava esperando PN, eu disse que sim, ela então disse que faria exame de toque, eu deixei afinal eu achava que tinha perdido o tampão pela manha, ela fez e disse - esse bb não nasce de parto, esta alto e nao encaixa mais...
Meu mundo desabou pela segunda vez em pouco mais de 24h, o pior era que ela ia ligar para a minha GOB e dizer aquilo, e a minha GOB ia confirmar, o que ja havia me dito...
Fui pra casa arrasada... Cheguei em casa e fui pro chuveiro, chorei, chorei...
Se eu nao tinha forcas para encarar eu mesma no espelho, muito menos para encarar as meninas do grupo, eu lia os emails, e ficava com mais raiva de mim mesma... Varias me indicaram doulas, mas pra que eu ia querer uma Doula para me acompanhar em uma cesárea? Ia movimentar uma pessoa que tem todas as técnicas para um PN, para simplesmente m acompanhar em um procedimento cirúrgico? Obrigado, mas eu nao queria. Nao me sentia a vontade.
alias, por falar em Doula... Eu acabei nao tendo uma, a questão financeira pesou muito, tínhamos inúmeras contas e Td mais, infelizmente nao tinha como arcar com uma Doula, e além do mais minha GOB nao aceitava doulas, então mão tive argumentos suficientes com o marido, para ter uma...
Desde o inicio eu tinha um conceito sobre Doula, ter uma, era encontrar alguém que acima de td te escolhesse...
Uma das meninas da lista, mandou meu email para o Dr R. É simplesmente o GOB referencia em humanização de parto... E consegui uma consulta com ele na segunda feira, na semana da minha cesárea... Meu marido depois de muita luta, aceitou ir comigo... Eu nao tinha condições de pagar um parto com o Dr R., mas eu precisava de uma segunda opinião, a verdade é que eu estava de 40s e 4d, nao sentia nada e a única coisa que eu pensava era que talvez a Dr M., estivesse certa mesma, talvez eu nao dilatasse, talvez eu nao entrasse em TP... Talvez eu fizesse parte daqueles 1% da população que tem algum problema... Eu me sentia péssima. Pq eu???!!
Dr R., foi sincero, disse q podíamos levar a gestação ate as 42s, que sim eu ia entrar em TP, mas quando fosse a hora... Td que eu ja sabia, mas ouvir de um medico, foi outra coisa... Fiquei mais segura, porém durante a consulta chorei, chorei... E o Dr comentou sobre o qnto o psicológico influencia e tal, mas q claro uma hora eu estando bem ou nao psicologicamente o bb ia ter q nascer... Bom, sai mais segura da consulta... Combinei com o meu marido, q iríamos conversar com a Dr. M, e se ela nao aceitasse esperar ate as 42s, então pelo menos a cesárea aconteceria no dia 19.08...
Eu estava mais segura, mas ao mesmo tempo, mil coisas passavam na minha cabeça, e se eu nao entrasse em TP? E se acontecesse algo com a minha filha? E porque sendo o nascimento da minha filha, eu so conseguia pensar em nao ir para aquela cesárea?!
Bom, por mim estava Td mais tranquilo, íamos conversar com a GOB e Td ia se resolver...
Na Terça, meu marido saiu para trabalhar... E perto do 12h me ligou, querendo almoçar comigo e tal... Ok, achei legal da parte dele... Saímos para almoçar, e papo vem, papo vai... Ele me diz q tinha ido pela manha conversar com a minha GOB... E q eu não ia entrar em TP, q era um risco continuar com a gestação... Falou muita coisa! Bom, ela conseguiu colocar medo no Meu marido, duvidas e Td que eu levei uma gestação inteira para mudar, ela plantou na cabeça dele... Eu nao conseguia pensar em nada, so chorava! Ali me sentia traída, com raiva... E sinceramente? Começava a aceitar a tal da cesárea!
Brigamos, vim para casa e chorei, chorei muito!!! entrei no face... E tinha uma promoção para a pre estréia do filme renascimento do parto... Resolvi participar, e nao é q eu ganhei?! Para mim aquilo era um sinal, nem Td estava perdido!
Nesses últimos dias eu rezava muito, pedia pra Deus me ajudar e coloquei nas mãos dele...
O filme foi ótimo, mas para mim, me fez refletir sobre td aquilo que havia acontecido no parto da Sofia e o que eu nao queria que a Helena passasse por Td aquilo tbm! Me fez ter a certeza de que eu não queria aquela cesárea...
Conversei com meu marido na volta, e conseguimos manter um dialogo... Coisa q havia dias q nao conseguíamos... Aceitei a cesárea! Isso mesmo! Aceitei! Mas com a condição de que acontecesse no dia 19.08!
Ele concordou, íamos conversar com a GO no dia 14.08, e propor para ela a alteração da data da cesárea! No dia da consulta, fomos fazer mais um cardiotoco, eu estava com 40s e 6d.
Minha GOB foi irredutível, voltou a afirmar que eu nao ia entrar em TP... Disse q ia fazer o exame de toque e caso houve 1cm de dilatacao, ela tentaria o descolamento de membrana... Segundo ela, pelo menos para mim entrar em TP, pq minha filha nao ia nascer de PN... Eu estava com 1/2 cm de dilatacao, bb alto... Ela tentou, o toque foi extremamente dolorido... Final da consulta a GOB, foi clara em 24h eu teria q entrar em TP... Ou cesárea no dia 16.08...
Fui pra casa, uma pilha... Meu prazo estava se esgotando e nada!!
No meio de Td isso, conheci um anjo, q entrou na minha vida, extremamente contra a minha vontade, sim, eu simplesmente nao queria... Mas, anjos são assim, se chegam de mansinho e quando agente percebe, levaram nosso coração... A Kika, conheceu minha história através da Débora, uma das minhas companheiras da lista parto nosso... A Kika é Doula, a Débora tinha me enviado um email com todos os contatos da Kika, mas como escrevi acima, eu nao queria uma Doula... Débora me mandou uns tres emails, e eu nada... Ate q a Kika me add no face, aceitei... E ela começou a puxar assunto no bate papo... Nos primeiros contatos, a conversa foi pouco... Ate q comecei a me soltar, Kika m ligou... Passamos a conversar tanto no face como no telefone e por SMS... E combinamos dela vim aqui em casa... Dia 15.08 um dia antes da cesárea, Kika veio aqui em casa, foi uma tarde super gostosa, conversamos, caminhamos, fizemos cha de canela, ela trouxe a bola Suíça e eu rebolei muito kkk...
Ela me fez ver, o quão importante era aquele parto... Nao que eu nao soubesse, mas no turbilhão dos últimos dias, estava fazendo eu me afastar do foco...
Algumas coisas q ela disse, m fizeram ter mais certeza de q eu não iria para aquela cesárea! Uma das coisas, foi qndo eu disse q se esse ia ser cesárea, no próximo parto ia ser em casa com parteira, aí ela me disse: Munique, um parto, não muda os outros... E aquilo ficou...
O acordo meu e do meu marido era o seguinte: se caso a GOB nao quisesse fazer a cesárea no dia 19.08, nos iríamos trocar de GOB!
Bom, kika foi embora, e eu com a certeza... Aquela cesárea nao aconteceria...
A noite, rezei e pedi a Deus q se nao fosse para aquela cesárea acontecer, q ele me desse um sinal...
Perto da 0h, fui a banheiro e o tampão! Meu Deus! Chorei, tirei foto, mandei a foto para a Kika, e ali estava Td muito claro, a cesárea nao aconteceria...

A acordei dia 16.08, perto das 10h liguei para a minha GOB, disse que eu nao ia na cesárea, que minha filha ia nascer de PN, que eu ja estava perdendo o tampão.. Ela disse: - Munique, tua filha nao vai nascer de PN, e se vc desmarcar a cesárea, pode procurar outra GOB... E respondi ok, obrigado por Td, mas eu vou atras de outra GOB...
Desliguei e pensei: seja o que Deus quiser!
Avisei meu marido, que pirou na hora, mas tínhamos um acordo e pronto!
Entrei no grupo de apoio ao PN, aqui de POA e pedi ajuda... E uma das gurias do grupo era secretaria da Dr. Ana Cláudia Codesso... Me passou o cel dela...
Liguei para a Dr. E para minha alegria me aceitou! Conversamos muitoo! Por tel, ela me orientou ir ao hospital fazer alguns exames...
Meu marido, só me dizia uma coisa: Helena vai nascer na segunda! Bom, me livrei da gob, mas não das cobranças do meu marido...
Sexta dia 16.08 e eu no hospital fazendo exame, durante a ecografia a medica não conseguiu visualizar os movimentos do pulmão, mas nos tranqüilizou... Saímos de lá, e o combinado era que no findi iríamos ver a Dra Ana Claudia.
Findi passou e não conseguimos conversar com a Dra.
Na segunda dia 19.08, liguei para a Dra, combinamos de nos encontrar no Hospital Divina Providencia, chegamos lá por volta das 11h da manha, conversei com a Dra, ela me examinou e eu estava com 2,5cmde dilatação... Ela disse que como eu já estava bem próximo das 42s, ia forçar um pouco mais o colo, e fez... Eu não senti absolutamente nada!!! Dra disse q eu ia começar a sentir cólicas logo em seguida e me orientou caminhar...
Comecei a caminhar em volta da maca, uma hora depois e eu não sentia nada!! Meu Deus, eu só pensava na Dra M, dizendo que eu não teria minha filha de Pn...
Dra veio me ver ali pelo 13:30h, me perguntou das cólicas e eu disse q não sentia nada... O bom, é q de certa forma ela a acalmou meu marido, explicou q uma gestação iria tranqüilamente até as 42s, e que caso nada acontecesse poderíamos induzir...
Ficamos o dia no hospital, no final da tarde fomos fazer uma eco, a medica um amor, disse que Helena estava muito bem, aí eu comentei que não o ficar internada e ela me olhou e disse -Sou muito a favor do pn, mas pode até o ponto q seja seguro. Eu estava com 41s e 4d... A medica terminou a eco, nos desejou sorte e pronto.
Quando voltamos para o CO, a enfermeira chefe disse q a medica da ecografia colocou que eu estava de 41s e 5d e que não viu movimentos da Helena!
Eu estava na ecografia, eu vi minha filha se mexe!
A enfermeira ligou para a Dra Ana, que nos liberou... Na saída do hospital meu marido, já disse: - pode marcar consulta para amanha, pq vamos marcar a cesárea!
Liguei para a Gob, eu disse q eu queria conversar com ela no outro dia, ela me perguntou se eu sentia algo e eu expliquei q não sentia nada... Aí ela disse: vamos esperar essa noite, e amanha vc me liga e conversamos...
Bom chegamos em casa por volta das 20h, vim o caminho inteiro com cólicas doloridas, cheguei em casa e fui pro chuveiro... Sai de lá, e as dores pararam... Desanimei, desanimei legal!
Fui deitar, por volta das 23h... Estava tão ansiosa, q não conseguia dormir...
1h da manha, senti a primeira contração, e doeu... Doeu muito... Comecei a rir, sim! Foi a melhor dor do mundo! Eu esperava a tanto tempo por aquilo!! Voltei a dormir, 1:35, veio outra contração... Levantei, e as contrações começaram a vim, em intervalos regulares, comecei a anotar:.. Elas, vinham de 4/4 mim... Mas, eu só conseguia pensar que aquilo não era tp!
Entrei no face, e comecei a conversar com a Camila, e ela dizia: - liga, pra Kika... Só q eu não conseguia acreditar q havia chegado o momento...
Cada contração que vinha, eu caminhava... E a dor sumia! Eu esperava a tal dor da morte, aquela q agente não agüenta e nada, as dores que eu tinha eram super suportáveis... E eu estava adorando aquilo!!
Fui pro chuveiro, fiquei 40mim, coloquei a música "Anunciação"... Sai do chuveiro era 4:30h da manha, as dores já estavam de 2/2 mim... 5h chamei meu marido... Ele levantou correndo kkk, eu expliquei q estava com dores desde 1h da manha, e que ele mantesse a calma, que aquilo podia durar dias... Liguei para a Kika, mas não quis insistir, na minha cabeça eu ia ligar pra ela, pela manha... Bom, liguei para a Dra Ana, e disse q estava com dores, e q estava indo para o hospital... Ela disse q estava com o filho pq e ia demorar, eu disse q ok, pois estava td bem...
Fomos para o hospital, o caminho foi... Dolorido! Cada, buraco no asfalto doía!
Cheguei no hospital as 6h... As contrações vinham 1/1 mim, eu respirava fundo, e ela passava... Entramos na emergência, meu marido explicou que eu estava em tp, entramos e antes de chegar no elevador minha bolsa rompeu, aí sim eu comecei a acreditar que fosse tp,subi para o CO, meu marido não entrou comigo, disseram que eu entraria primeiro para avaliação... Nessa altura, eu urrava em cada contrações, depois q a bolsa rompeu, ela vinham com maior intensidade... Entrei na sala de avaliação, e logo apareceu a primeira téc. De enfermagem, pediu para medir minha temperatura e pressão, eu concordei mas pedi que ela fosse rápida, as contrações qndo vc esta deitada, doem mil vezes mais... Ela só me respondeu: quer ter pn? É isso mesmo, dói mesmo. Bom, desci da cama, e a téc. De enfermagem saiu do quarto e logo entrou outra, disse pra mim tirar a roupa (eu estava com um top preto mega apertado, coloquei só para ficar bonita nas filmagens kkkk), logo ela viu que havia sangue no meio das minhas pernas, disse pra mim parar de caminhar ou eu ia acabar matando meu bb! Desconsiderei... 6:15h minha gob chegou, com aquele semblante calmo dela, e eu a louca kkk... Entre a partolandia e a realidade...
Fomos para a sala onde o parto aconteceria, minha gob entrou má frente, ligou o chuveiro, diminuiu as luzes, ligou a cromoterapia, e me pediu q deitasse na maca para o toque, ficar deitada pra mim era insuportável, doía muito... Em pé, a dor era mais tranqüila, vinha a contração eu caminhava e respirava fundo, e claro nessa alterado campeonato urrava, fui pra maca e disse pra Dra,: se eu estiver com 4cm de dilatação, pode chamar o anestesista.
Ela foi extremamente rápida, fez o toque eu levantei e ela disse: 9cm... Vc não precisa de anestesista, chegou até aqui sozinha...
Entrei em baixo do chuveiro, e claro desisti da história de anestesia... Na verdade, isso tem muito do psicológico... Enfim, aqui em já estava super na partolandia, não lembro de td... Fiquei um tempo no chuveiro, e aí as contrações cessaram, vieram os puxos, qndo digo puxos, eram puxos mesmo, teu corpo faz uma força tremenda, e vc simplesmente não tem como controlar, nessa hora Ru estava mais q entregue, pensava em como td aquilo era magico, como era bom... O ruim era a fome e o cansaço, tinha ficado muitas horas sem dormir, e não consegui comer por conta da ansiedade...
Sai do chuveiro, e fiquei na porta do banheiro, minha gob havia forrado todo o chão do quarto com lençóis... Fiquei por um tempo fazendo forca ali, depois me acomodei de quatro no chão, me agarrei na cama e fui fazendo força, nesse meio tempo a Kika chegou, qndo vi ela, eu queria fizer um monte de coisas, mas naquele momento era somente eu e o parto, era o momento das coisas acontecerem, ali uma vida estava chegando, meu marido observava td em pé, perguntava algumas coisas a gob, ela respondia, mas eu não entendia nada, eu não estava ali... Kika, se ajoelhou e ficou do meu lado, éramos nos 4, meu marido, Dra Ana, meu marido e eu, e logo seriamos 5, Helena estava vindo... Eu estava exausta, recusei qualquer tipo de toque em mim, massagem, me abracei em um travesseiro e ali fiquei, me virei de barriga pra cima e a Dra Ana avisou, vai demorar mito mais assim, mas o cansaço que eu sentia era enorme,com muito custo voltei para a posição de cócoras, pedia a Deus q me ajudasse, pois Ele havia me ajudado até aqui e agora eu precisava de forças, entre um puxo e outro, eu dizia q não ia conseguir, Dra Ana e a Kika, diziam palavras de incentivo e derrepente, senti Helena vindo, fiz força uma, duas, três e ela chegou, aquilo era magico! Helena chegava ao mundo as 41s e 5d de gestação, em um tp de pouco mais de 7h, sem intervenção alguma, pesando 4.340kg e 53cm... Era linda, cabeluda, grande... Linda e minha!
Ela nasceu com uma circular de pescoço e um pouco cansada ate em função do tamanho... não chorou no primeiro minuto, a pediatra nem se moveu para ir até o quarto, ocupada demais com as cesáreas, Dra Ana, cortou o cordão e a enfermeira levou ela... Apgr 6/9... Infelizmente, um parto natural em hospital sem humanização, não impede q teu filho passe por intervenções e Helena passou por elas... Bom, eu exausta, fui erguida pela Kika para a cama, estava em êxtase, queria sair correndo gritando que eu havia parido, e que era muito bom!! Deitei na maca, e chegou a Helena de volta, não quis mamar, estava dormindo... Voltou para o colo do pai...
Uma cólica e veio a placenta, aqui entra uma parte engraçada, pra mim, as dores foram extremamente suportáveis e em alguns momentos foram dores boas, aí tive uma laceração e a medica disse q ia me dar pontos... Pedi pra ela ter calma kkk, segurei a mão da Kika e a Dra começou a anestesia local e os pontos, isso sim doeu kkk, mais q o parto kkk... A dor do parto, depende de como vc se preparou para aquilo, como vc vai vivênciar aquele momento... A dor do parto, é uma dor da alma, como sua alma esta naquele momento...
A minha desejava por aquela dor, e por isso td foi tao gostoso!

Bom, agora os agradecimentos, primeiro ao meu marido, esse parto tirou dele inúmeras convicções, fez ele ir contra muitas coisas q ele acreditava, me respeitou e peitou o medo, q do esse parecia ser maior q ele... Segundo a lista parto nosso, sem essas mulheres guerreiras, sem a força delas, talvez isso td jamais teria acontecido, a minha Doula Kika, um anjo que fez toda a diferença! Me apoiou, me deu forcas, me incentivou...
Agora a Dra M, sim, por mais q ela não acreditasse em mim, ela foi sincera, uma frase dela na nossa ultima consulta ficou "Munique, eu não posso fazer algo que eu não acredito, por que eu sem duvida faria mal feito"... Essa frase, me ajudou a ver o quanto eu queria aquele parto... E o quanto eu acreditava q era possível... Agora a minha Dra Ana, um doce desde a primeira vez q conversamos, calma, querida, mas acima de td uma medica exemplar...
Também tenho que agradecer as meninas do GAPP - Nascer sorrindo de POA... Foram uns anjos!!!
Todos vcs meu muito obrigado!!! Que Deus ilumine vcs, sempre!!!

As mulheres que querem parir... Acreditem em vocês! Nossos corpos, foram feitos para parir!! Não deixem que nada, desmotive vcs, que nada deixe vcs perderem a fé em vcs... Acreditem!!! Parir é a melhor sensação do mundo! 
 
Sobre a dor, sinceramente? Doeu mais levar pontos, do que as 7h de tp kkk... Esqueçam isso, não passem uma gestação inteira pensando nisso. Dói? Sim, mas totalmente suportável...

Um beijo,

Munique Pompeo - 1 mês e 23 dias de parida! 

Kika Doula: Olha, quando eu conheci a Munique pessoalmente, ela tinha uma cesariana agendada para o outro dia, as 14h. Não foi fácil entrar em contato com uma doulanda assim, tão em cima de tudo, com quase tudo decidido pela intervenção. A Munique queria muito esse VBAC...ela apenas tinha esquecido o quanto isso era importante. Não por ela, pela filha.
Munique, querida, foi lindo estar ao teu lado e acompanhar essa reviravolta as 41 semanas de gestação. Tu és uma guerreira.